sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


Reportagem sobre a seca no ano de 1983,na época do regime militar, leia a reportagem e compare com os dias atuais.O fato que nos dias atuais ,existe uma rede de proteção social  que  torna a situação menos crítica do que antes ,  pois, o governo é  mais atuante.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

AMIGAS VIRTUAIS....



ARIANE NAYARA>>SANTO ANTONIO/RN:
                                                     Seu sorriso peculiar e sua extrema simpatia,aliada ao seu jeito centrada , discreta e  o ar tímida continua cativando profundamente todos que a conhecem.Na idade em  que as decisões normalmente são impulsivas ,nela  percebemos que sabe usar muito bem a razão.Sua força cativadora pude constatar  no dia de seu níver.A time line do tuite não parava de receber  elogiosas felicitações.Ela une a energia intensa da juventude, a busca da vida espiritual e uma ativa vida social , sem perder  foco nos estudos ,aonde é super dedicada e inteligente.Este equilibrio entre  descontração com os amigos e concentração nos estudos prova que tem uma mente brilhante...e um futuro promissor

TATIANA SILVA>> CAICÓ/RN 
                                   No mundo que quer estereotipar o ser mulher desnudando-a,ela descobriu o ser feminino valorizando a si mesma E "DESCONSTRUINDO" o  tipo de mulher frágil,apesar da aparência...O corpo  bem vestido com toda  simplicidade e postura, nos faz transparecer as qualidades grandiosas de seu interior...Realça seus traços de delicadeza...discrição..certo glamour... Mas esta  calmaria na  aparência,só  é substituída pelo estrondo de suas opiniões... ler o mundo além de si ,colocando seu tempero intelectual nas  boas  discussões argumentativas. Sabe  do seu valor individual  sem ser petulante e  pelo contrário nos revela uma meiguice  contagiante.


  BETH AMORIM >>MOSSORÓ/CAICÓ/RN
                                       .Aprendi a admirar esta carioca de alma nordestina pela força de superação... E a forma de enfrentar as tempestades da vida( que normalmente nos deixa prostrado, mas nela  serve para fortificá-la... O símbolo da  própria Fênix  que foi expresso primeiro  em sua alma para depois ser registrada em seu corpo...Fiz de seu espaço "Tempestades de Ideia" um lugar de visita permanente e aonde cativei esta amizade valiosa.

Personalidade forte e determinada em busca de seus objetivos...Em 2013 pude usufruir de suas conquistas: Pessoal,familiar e profissional....Renascer é a sua sina nesta vida...Toda felicidade alcançada,sempre será menor do que ela merece. 

ROSE MARY >> PENDÊNCIAS /RN
                                          Sincera e transparente ao falar de sí ,ao mesmo tempo inquieta e contundente  na hora de expressar suas opiniões.Quando revela suas fraquezas diantes das situações cotidianas,verdadeiramente percebemos sua força de enfrentar os dissabores da vida.
Uma personalidade cheia de auto confiança,mas sem nenhuma presunção.Atitude que terá a admiração de quem gosta de pessoas autêntica e também despertará a inveja de quem não suporta ver alguém  tão independente em sua  filosofia  de vida...Transparente
 nas análises dos fatos que a envolve..,revela  o seu estado emocional de forma sincera. ..Compartilha de forma contagiante  a sua alegria conosco..Não usa máscara e mostra sua força  quando expõe  algo que não vai bem...Prefere mergulhar em si mesmo...prestativa...profissional da educação, não transmite conteúdo , e sim ferramentas para serem utilizadas na vida de seus discipulos...E ainda vai ser mãe de pois de tanto tempo do 1º filho...

THENANFFAR SOUZA>> MOSSORÓ/RN
                                              Na plenitude de sua juventude  em pleno viver dos sonhos da primavera juvenil ,a vida também lhe trouxe o inverno das adversidades e dificuldades que machucam e nos marca...Mas no verão da racionalidade surgiu a luz que forjou seu interior vencedor...O rumo implacável da vida ajudou a forjar uma maturidade precoce... A mãe dedicada..A filha eternamente grata...A profissional  capacitada..A  universitária  construindo o seu futuro.. E tudo isso num jeito sapeca de ser... A alegria da vida social é um apêndice de sua responsabilidade como mulher e mãe..

KAILA MONIK >>SANTA CRUZ/RN 
                                            Sempre direta nas suas opiniões, não gostando muito de rodeios e por isso não sofre  com resignação. Suas frases são uma verdadeira terapia contra a patologia do senso comum...Ao falar de sí revela seus medos  e virtudes,sem ser frágil e nem soberba...Inteligente mais do que se julga e por isso muitas vezes injusta consigo mesma...@micíssima que tenho o prazer de conviver de vez e quando ,pois, cursamos ciências biológicas..

EDLA MARIA >>CURRAIS NOVOS/RN 
                                                        A conheci como colega de trabalho e com o tempo nos tornamos ótimos amigos... O tempo foi cultivando e consolidando esta  amizade... cheia de segurança na hora de contrapor contra qualquer pessoa ou assunto, usando um tom suave e  colocando sabiamente as palavras...Fiz questão de citá-la entre as virtuais...

NANA ELIANA>> RIO DE JANEIRO/RJ 
                                                A gentileza personificada...Tem o dom artístico de transformar qualquer texto e postagem   por mais simples que seja em algo brilhante  com o seu talento  refinado...  Esta  amizade me conduziu a  obras   grandiosas que o espírito humano é capaz de realizar e esse acúmulo de riqueza no seu intelecto, ela distribui conosco  que formos empobrecidos por uma "cultura de massa"...   Suas criticas sociais e politicas são bem consistentes e carregadas de ótimas ironias.. 

 GEIZA PASSOS>> RIO DE JANEIRO/RJ
                                                 Suas frases carregadas de sarcasmo revela de fato a sua personalidade espirituosa... Na simplicidade do seu jeito de ser, encontramos uma riqueza  cultural...Mãe orgulhosa e dedicada....Sempre atenciosa e gentil... Consegue expor suas ideia e opiniões com uma clareza nítida...Realista ao extremo sem perder o direito de continuar sonhando consigo e a humanidade..

RÔ MOREIRA>> RIO DE JANEIRO/RJ 
                                   Personalidade sensata,educada e refinada...Luta o bom combate da fé crista,utilizando bons argumentos e se distanciando do estereótipo evangélico comum...No plano politico defende com dureza sua visão de mundo ( Eu que o diga..rsrs)...Nossa amizade teve esta peculiaridade ,na divergência ideológica percebi o quanto a estimo mais ainda... Um pessoa gentil, tranquila ,familia....O seu blog revela a grandeza de sua personalidade e sua inteligência...R

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Qual é a origem da Amizade

Publicado em 06/04/2009 |
 Autor: Flávio Gikovate

Venho ensaiando escrever sobre a amizade há pelo menos vinte anos, sem coragem de dar seguimento a esse antigo projeto. Percebi que se trata da mais bem-sucedida forma de interação entre as pessoas, de uma fonte de prazeres e alegrias enormes e geradora de tensões e elementos negativos mínimos.

A primeira questão – e, talvez, a mais importante – está relacionada à seguinte dúvida: seria a amizade uma versão adulta e sofisticada do amor, ou um fenômeno inteiramente diferente?

Como regra, achamos interessantes aquelas pessoas que desenvolvem maneiras de ser e de racionar sobre todos os assuntos similares às nossas em muitos aspectos. Não só achamos graça como nos sentimos muito próximos delas. Aqui, a sensação de integração não se origina de um processo físico, como acontece no amor – ou mesmo na integração com a pátria ou com o universo. Ela deriva de uma intimidade intelectual, de afinidades na maneira de pensar e de sentir a vida.

Nas amizades, a ponte que permite que duas criaturas individuais e solitárias se sintam integradas surge graças à facilidade com que elas se comunicam. É extraordinário o prazer que sentimos quando temos a impressão de que aquilo que o outro está entendendo corresponde exatamente ao que estamos dizendo. Temos a impressão de não estarmos sós neste mundo. O prazer que experimentamos ao conversar com nossos amigos – definidos assim de modo rigoroso, sem nada a ver com os diversos conhecidos que temos – é enorme; não raramente maior do que o que sentimos ao conversar com nossos parentes e com o nosso objeto de amor que, como disse, corresponde a uma escolha mais relacionada com outros processos.

Como as amizades referem-se a processos essencialmente adultos, não são contaminadas, a não ser de modo muito superficial, pelas penosas emoções possessivas e ciumentas. Podemos ter mais de um amigo íntimo. Gostar de um não significa deixar de gostar do outro. O respeito pelos direitos individuais e pelo modo de ser do amigo é a tônica. A inveja, quando existe, está sob controle, pois, mais do que tudo, queremos que nossos amigos prosperem; não tememos que isso nos afaste deles, como costuma acontecer nas relações amorosas, em que o progresso do amado é sempre uma enorme ameaça à estabilidade da relação.
A amizade é fenômeno essencialmente intelectual. Pode perfeitamente existir entre pessoas que não tenham interesse sexual um pelo outro. Ela é até mesmo mais comum entre pessoas do mesmo sexo, em que as afinidades mentais, talvez, sejam mais comuns. Agora, por puro preconceito, mesmo nos tempos atuais, em que o erotismo tende a se expressar de modo mais livre, não pensamos em intimidades sexuais entre amigos. Da mesma forma, é fácil imaginar que as relações que se iniciam como amizade podem evoluir para um namoro ou mesmo para um casamento. A idéia de que o amor é coisa muito mais rica do que a amizade é, a meu ver, antiga. Afinidades intelectuais e semelhanças de gostos e interesses terão de ser parte essencial de todos os relacionamentos mais íntimos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Como Você Escolhe Seu Parceiro?


Flávio Gikovate - Julho/2000
Tenho acompanhado a vida de muitos pacientes e posso afirmar que a causa mais freqüente de separação está relacionada à escolha do parceiro. Existem várias exceções, mas grande parte das pessoas se precipita, tomando uma decisão tão importante depois de poucas semanas de convívio.
Há poucas décadas, uma mulher que chegasse aos 25 anos e ainda não estivesse comprometida começava a se sentir "encalhada".
Muitas se casaram de forma estabanada com o primeiro que lhes pareceu razoável. Umas tantas resistiam e, mesmo temendo a solidão, continuavam a manter um elevado padrão de exigência sobre as qualidades que esperavam dos parceiros.

Hoje vemos apenas uma forma atenuada do que acabei de descrever. Porém, ainda é verdade que as mulheres se assustam um pouco quando demoram a encontrar um namorado fixo, e que suas famílias se afligem com isso.
Todos começam a se preocupar com a idade que ela terá ao engravidar, com o fato de "todas as amigas já estarem casadas", com a hipótese de que algo esteja errado com ela. E esse "algo errado" para a família pode ser, por exemplo, sua mania de exigir demais, de esperar pelo príncipe encantado, que claro, não existe.
Essa idéia contém o germe do desespero do passado. Não posso deixar de ver nela uma espécie de insinuação para que a moça reduza suas expectativas, como se estivesse em liquidação e fosse uma mercadoria que tem de sair por qualquer preço.
Nunca deveríamos nos ligar a alguém motivados apenas pelo medo. Aliás, em vez de esperar menos, o ideal seria aprender a viver bem, mesmo sozinhos.
As pessoas idealizam um modelo de parceiro e, pela minha experiência, posso afirmar que, em geral, esse modelo não é nada absurdo. São poucos os que efetivamente esperam demais do outro.
Mulheres que passam um tempo solteiras podem dar seqüência a seus projetos profissionais e ter uma vida mais rica e variada do que as que se casam precocemente.
Se não há tanta pressa e nem nos sentimos tão sensíveis às pressões do meio, talvez possamos obter uma idéia mais clara de quem somos, do que efetivamente gostamos e do que pretendemos em todos os sentidos da vida.
Pessoas mais competentes para ficar consigo mesmas tendem a eleger melhor e mais tardiamente seus pares. Isso, na prática, só tem trazido benefícios, gerando um crescente número de casamentos bem-sucedidos.
As escolhas mais tardias costumam se dar por afinidade, enquanto as precoces nos levam, por força da usual falta de auto-estima juvenil, ao encantamento pelas pessoas opostas a nós.
As afinidades são o pré-requisito para as boas relações.
Existe uma fase intermediária, na qual homens e mulheres já não se interessam por seus opostos e ainda não estão prontos para seus afins. Nesse período, não acham graça em ninguém e são, de fato, muito exigentes.
Trata-se de uma transição evolutiva. É só esperar que os bons parceiros aparecerão.

domingo, 2 de setembro de 2012

. Considerações acerca da origem da guerra entre os sexos


Texto de Flávio Gikovate:
O tema é excitante e fundamental e sobre ele venho publicando desde 1979. Confesso que foi só com o passar dos anos que me dei conta da importância de algumas das considerações que fiz na época. E a título de autocrítica, devo dizer que fui um tanto ingênuo por não ter percebido a relevância das minhas observações. O que diminui um pouco a sensação desagradável que essa constatação me provoca é o fato de que não fui o único a ter dificuldade em lidar com a questão das diferenças entre os sexos e principalmente extrair delas todas as suas conseqüências. O próprio Freud apontou o aspecto mais importante relativo às diferenças entre o masculino e o feminino – qual seja, o da existência de um desejo visual masculino que inexiste na mulher – em uma nota de rodapé de sua obra O mal estar na civilização, escrita em 1930. Jamais voltou ao assunto! Uma importante diferença entre os sexos consiste na ausência de período refratário após o orgasmo nas mulheres, diferentemente do que acontece com os homens, e quem primeiro a registrou foi Masters e Johnson; esses autores também não conseguiram extrair todos os desdobramentos que tão importante diferença impõe. É indiscutível a dificuldade que temos de estudar a nós mesmos!
Tentarei penetrar no círculo vicioso que determina a hostilidade recíproca entre homens e mulheres pelo ponto que considero o inicial: aquele que define as primeiras sensações dos homens diante da diferença entre os sexos que surgem junto com a sexualidade adulta. Registrei, há quase 20 anos, que a chegada dos primeiros impulsos eróticos mais intensos que, nos rapazes, acontece ao redor dos 13 anos – junto com o surgimento dos caracteres sexuais típicos da virilidade –, vem acompanhada de algumas sensações íntimas negativas e totalmente inesperadas. Os meninos crescem com a idéia de que são os privilegiados, uma vez que lhes ensinaram que o mundo é dos homens. O contrário acontece com as meninas, de sorte que muitas delas crescem revoltadas e invejosas da condição privilegiada que os meninos costumam ter em sociedades como a nossa. Com a chegada da puberdade, os rapazes passam a sentir enorme desejo sexual por um sem-número de moças, desejo este que pede a aproximação e o roçar no corpo delas. A grande e inesperada surpresa é que tal desejo não é correspondido. Por essa eles não esperavam! A partir daí, desenvolvem uma sensação de inferioridade, frustrando-se pela ausência de reciprocidade. Desejar sem ser desejado da mesma forma gera uma enorme frustração em praticamente todos os moços. Tal sentimento muito comumente acompanha os homens ao longo de toda a vida.

Em geral, os rapazes atribuem, até hoje, o fato de não serem objeto de desejo visual à sua "precária" aparência física. Portanto, o que é baixo, gordo, narigudo, entre tantos defeitos que os adolescentes vêem em si mesmos, sente-se não-atraente devido a essas desvantagens relacionadas com sua imagem. Entendem a questão como um fato particular, condição na qual ficam muito deprimidos e ressentidos. Para eles, outros rapazes provocam o desejo que na verdade eles mesmos gostariam de causar, podendo desenvolver grande hostilidade invejosa em relação aos mais bonitos e charmosos. Seguramente, a beleza masculina é um elemento capaz de despertar o interesse das mulheres, mas é fato também que existe uma grande diferença entre despertar o interesse e o desejo. Não sabemos como reagirão os moços quando puderem crescer e chegar à adolescência já de posse dos dados relativos à nossa sexualidade que só agora estão começando a nos ficar mais claros.
A diferença, certamente, é de natureza biológica e independe da aparência física dos rapazes. Corresponde, como já apontado por Freud, à transferência para a zona da visão daquilo que, nas outras espécies de mamíferos, é próprio da olfação. O desejo é propriedade masculina, define um papel ativo para o macho no tocante à abordagem sexual. Nos mamíferos, em geral, tal característica não define qualquer diferença hierárquica: é apenas uma diferença. Na nossa espécie, existe a diferença e o que as mentes dos homens e, é claro, das mulheres pensam sobre ela. Não há, para nós, fatos desacompanhados das reflexões e ponderações que fazemos a respeito deles. Em geral, os homens sentem-se prejudicados pela constatação; registram a diferença na natureza do desejo como grande desvantagem, o que determina o surgimento de uma enorme hostilidade de natureza invejosa. Em 1979, apontei e enfatizei que a primeira manifestação invejosa adulta era do homem em relação à mulher e não o contrário, que é voz corrente em psicologia.
A constatação de que o desejo visual é unilateral desperta no homem a consciência de que há uma vantagem feminina nesse ponto de vista, uma vez que ela terá que concordar com a aproximação física dele – ao menos no mundo civilizado, onde não é aceita a violência física para impor a intimidade sexual; entende-se também por esta via a origem do estupro: uma revolta, levada às últimas conseqüências, contra a diferença sexual. A concordância da mulher dar-se-á em decorrência de outros fatores que não o desejo visual, pois ele não existe da mesma forma como nos homens. O fato de um homem já desejar uma mulher e ter que esperar pelo veredicto dela para saber se poderá ou não se aproximar dela lhe determina, como disse, um forte sentimento de inferioridade acompanhado de uma profunda inveja, ou seja, de enorme hostilidade sutil e que tentará se exercer de forma um tanto dissimulada.
O que fizeram os homens? Beneficiaram-se de sua superioridade muscular e, quando tal propriedade era básica para o exercício das atividades fora de casa – o que se costuma chamar de "espaço público" –, trataram de se apropriar dos poderes que derivam de serem os detentores dos frutos do trabalho, o que, mais ou menos rapidamente, passou a corresponder a alguma forma de dinheiro. Como não poderia deixar de ser, levando-se em conta a inveja masculina e a necessidade de melhorar sua posição perante as mulheres, fecharam as portas do mundo do trabalho, de modo que a elas ficava reservado apenas o "espaço privado". Estavam fadadas a reproduzir e a cuidar da casa, dos filhos e do seus esposos, de quem se tornavam totalmente dependentes para os fins de sobrevivência material.

sábado, 4 de agosto de 2012

Reflexões sobre o feminino por Flávio Gikovate

. Introdução


 


Talvez agora sejamos capazes de pensar de forma mais livre sobre a mulher e a condição feminina. O tema sempre esteve envolto em brutais preconceitos: no passado vigia a tese machista da inferioridade da mulher, já nos últimos anos temos sido governados pela idéia da igualdade entre os sexos. O bom entendimento da questão perde nos dois casos, uma vez que a mulher não é inferior e nem igual ao homem, mas sim diferente, não havendo razão para que seja estudada tomando-se como referência a condição masculina. Não deixa de ser surpreendente o fato de que nos deixamos governar muito mais por idéias, concepções e ideologias do que pelos fatos. As diferenças entre os sexos são óbvias e só mesmo a interferência de poderosos ingredientes emocionais pode levar homens e mulheres a defender idéias que não têm respaldo no mundo real. Quando tais idéias foram elaboradas por homens, ao longo dos séculos, a conclusão foi a inferioridade da mulher. Talvez tenham sido movidos mais do que tudo pela enorme inveja que eles sempre sentiram delas.
Quando, nas últimas décadas, as idéias sobre o tema foram elaboradas por mulheres, concluíram pela igualdade entre os sexos. Elas buscavam condições objetivas iguais às dos homens, o que é inegável direito, mas acabaram por generalizar suas concepções relativas a importantes aspectos da vida social, tentando, por exemplo, entender a sexualidade feminina tomando por base a fisiologia dos homens. Sem perceber, elas os usavam como referência, como paradigma; não podemos deixar de reconhecer aí importante ingrediente invejoso da condição masculina, agora presente também nas mulheres.
Infelizmente, tudo leva a crer que falar sobre as condições masculina e feminina é tratar, muito de perto, da questão da inveja. Homens e mulheres são fascinados uns pelos outros – isso como regra geral, é claro –, mas dificilmente conseguem se entender bem. Percebemos a facilidade com que desenvolvem uma irritação desproporcional aos fatos quando convivem intimamente. Até mesmo a vida sexual dos que vivem juntos está muito aquém do que poderíamos supor a partir da intensidade da atração sexual que o homem tem pela mulher e que faz tão bem a ela. Assim, o esperado convívio amoroso e sexual, rico e pleno de prazeres, é, como regra, parte do imaginário da maioria das pessoas. Todo o objetivo daqueles que pensam sobre esses aspectos essenciais da vida íntima consiste exatamente em buscar os caminhos que permitam o entendimento entre os sexos, o qual, de fato, nunca existiu. A tarefa deve ser muito difícil, se assim não o fosse nossos antecessores já a teriam cumprido há muito tempo.
Meu objetivo principal ao longo desse texto é discutir alguns aspectos da fisiologia sexual feminina e sua repercussão na interação entre os sexos e na maneira de ser das mulheres. Não poderei deixar de fazer algumas observações sobre o masculino, uma vez que, ao menos até agora, o modo de ser de um sexo tem sido definido a partir do outro. Não creio que seja uma boa postura intelectual essa de, por exemplo, atribuirmos emotividade e maior sensibilidade ao feminino, e considerarmos racionalidade e maior agressividade peculiaridades do masculino. Fica muito difícil saber o quanto isso é verdadeiro e o quanto os homens escondem sua emotividade e as mulheres sua racionalidade, sempre com o propósito de "caberem" no modelo social preestabelecido. Temos que distinguir com a maior clareza possível entre aquilo que é um atributo do feminino e o que é parte do seu papel social; isto é, entre o que seja genuinamente produto da natureza feminina e o que é proposição cultural que busca definir e impor uma certa postura para as mulheres de uma determinada época e cultura.
O ideal seria o feminino ser estudado à parte, sem qualquer tipo de comparação com o masculino e vice-versa. Talvez consigamos, aos poucos, atingir esse objetivo, condição na qual poderíamos, finalmente, saber como é constituído cada um dos sexos. Na realidade, porém, os homens se comportam com a finalidade única de impressionar, agradar ou agredir as mulheres, e o mesmo acontece com elas. É possível que uma parte importante do que entendemos por feminino esteja sendo definida em função do masculino e que o contrário também seja verdadeiro. Compõe-se um tipo de círculo vicioso derivado da interação entre os sexos que, por vezes, torna muito difícil o entendimento dos ingredientes aí envolvidos. Farei algumas considerações sobre o que sou capaz de observar e que considero imprescindível no círculo vicioso em que vivemos há milênios e do qual ainda não conseguimos nos libertar. As pesquisas, até agora muito escassas, que deverão ser feitas nessa área da subjetividade humana não são filigranas. Elas tratam de algumas das particularidades essenciais da nossa espécie e que influíram – e muito – em todos os processos que culminaram com a elaboração das regras que norteiam nossa vida social.
Assim sendo, a questão sexual em geral e a das diferenças entre os sexos em particular são de capital importância para o entendimento da psicologia humana – e de alguns aspectos da própria fisiologia sexual – e para o estudo e compreensão dos aspectos socioeconômicos da nossa vida em grupo. Essa abordagem mais abrangente da questão sexual tem assumido uma importância crescente, uma vez que tem se revelado muito mais frutífera do que aquela que apenas levava em consideração os aspectos práticos e técnicos capazes de aprimorar a intimidade entre um homem e uma mulher.
Deixarei registrado, de modo veemente, que o objetivo de todas as observações que pretendo fazer é contribuir para ajudar no entendimento e libertação de complexos ingredientes que consideramos parte da relação entre os sexos; como são procedimentos que se repetem há muitas gerações, fazem parte da nossa cultura de modo tão arraigado que os vemos como naturais; são tratados com a naturalidade de um fenômeno que é parte da nossa biologia, apesar de que é forte minha convicção de não ser essa a verdade. Hoje, indiscutivelmente, eles fazem parte do cotidiano, das normas da vida social com as quais nos deparamos à medida que vamos nos tornando adultos. Cada nova geração se contamina muito rapidamente com o círculo vicioso negativo e percebe, com maior ou menor clareza, que as relações entre os sexos são tensas, de disputa e implicam num tipo de rivalidade no qual humilhar o sexo oposto parece ter se constituído num prazer. Adolescentes de ambos os sexos, mas principalmente os rapazes, dão claros sinais de sentirem os golpes iniciais dessa guerra entre os sexos, cujos primeiros movimentos parecem mais favoráveis às mulheres – ou, ao menos, a algumas delas.

sábado, 28 de julho de 2012

Extroversão! Não Significa Sensualidade



Flávio Gikovate - Abril/2001
Nesta tentativa de refletir sobre o que torna uma pessoa (em particular, uma mulher) mais atraente para o sexo oposto, registrei na semana passada minha impressão de que os mais ousados aparecem, aos olhos alheios, como mais atraentes e sensuais. Essa ousadia se manifesta por meio de uma maior facilidade para se aproximar, dar sinais de simpatia e interesse, puxar conversa e demonstrar ternura. No caso das mulheres, a ousadia também se mostra no uso de roupas extravagantes e provocativas. Seu comportamento é o de quem está na vida “para o que der e vier”; é como se não respeitassem regras sociais, como se pudessem ter atitudes de que outras pessoas não seriam capazes.
Ao passar essa impressão de exuberância e abertura, tais criaturas exibem uma coragem que a maioria não tem. E isso é algo que os homens captam como próprio de mulheres muito “quentes”. Assim, a mulher extrovertida, ousada, que se veste com roupas que sugerem uma maior liberdade sexual e maior interesse pelo sexo acaba por provocar mais intensamente o desejo dos homens. Isso acontece mesmo quando ela não é muito bonita. A realidade é que a beleza conta menos que a sensualidade, que corresponde – entre tantas outras coisas que desconhecemos – a essa “promessa” de exuberância sexual e de disposição para a aproximação erótica sem grande compromisso sentimental.
É uma pena, mas é grande o número de moças que não têm consciência de seus dotes sensuais. Como regra, foram adolescentes que não se consideravam bonitas e atraentes – o que, como disse, não tem relação direta com a sensualidade. Acabaram com medo de se colocar de modo sedutor, pois os sentimentos de inferioridade lhes davam a impressão de que seriam objeto dos rapazes. Fecharam-se, com medo das pessoas, sobretudo dos homens; encolhem-se diante da aproximação deles, em vez de se abrir. Algumas tentam o sucesso tornando-se simpáticas, boas amigas, “bons papos”; são vistas pelos rapazes como moças legais, mas não como aquelas que lhes provocam desejo – este nasce da possibilidade de intimidades físicas “fáceis”. Não é raro que essas adolescentes se transformem em mulheres bonitas, que só não se tornam atraentes para os homens por serem incapazes de rever suas primeiras impressões da vida adulta. Ou seja, continuam a agir como “patinhos feios”, já se defendendo de supostas rejeições.
A experiência nos ensina também que essas mulheres que gostam de vestir-se provocativamente, sugerindo a possibilidade de uma intimidade sexual fácil e descompromissada, não cumprem o que prometem! Tudo leva a crer que gostam de provocar o desejo masculino pelo simples prazer de se exibir. As mulheres se excitam ao se perceberem atraentes para os homens; para muitas, isso basta.
Por outro lado, fica claro também que nem todas as mulheres acham essa conduta legítima. Prometer algo que não estão dispostas a cumprir parece pouco idôneo para muitas. Essas agem de maneira recatada e, de certo modo, se tornam menos atraentes num primeiro instante. Para os homens, o recato pode erroneamente significar que sejam criaturas menos interessadas em sexo. Na realidade, são pessoas que não acham justo provocar. São mulheres mais preocupadas com o outro. Como regra, são aquelas mais sexualmente exuberantes quando se dispõem a isso para valer.
É bom que se saiba que as mais extrovertidas e que provocam os homens são, normalmente, mais travadas e inibidas na “hora H”. Talvez tenham justamente desenvolvido a coragem e o prazer de se exibir por serem mais reprimidas e fechadas para o sexo propriamente dito. São, portanto, apenas superficialmente mais ousadas. Nesse caso, como em tantos outros, as aparências enganam. Voltaremos a este assunto na próxima semana.