sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A Mulher está mesmo sempre receptiva para o SEXO ? Por Flávio Gikovate

 
 
 
Tenho um pouco de medo das comparações que costumamos fazer entre o que observamos em outros animais e em nós. As semelhanças existem, é claro. Acho, porém, que devemos dar maior ênfase às diferenças, pois são elas que definem cada espécie. Assim, costuma-se dizer que as mulheres, diferentemente de outras fêmeas, vivem num cio permanente. Vamos refletir um pouco sobre esta questão palpitante.
As fêmeas dos mamíferos superiores entram no cio quando estão ovulando, ou seja, quando estão disponíveis para a fecundação. O subproduto de hormônios femininos fazem surgir odores especiais na urina delas; estes são captados pelos machos daquela espécie. Ao dectarem o cheiro peculiar ficam excitados e partem em disparada na direção daquela fêmea que o está exalando. Disputam com outros machos a primazia da cópula que, ao ocorrer, dá início ao processo que interrompe o ciclo reprodutor da fêmea. Assim, percebemos que as fêmeas das outras espécies estão disponíveis e atraem os machos apenas durante o período de fertilidade, ou seja, durante o cio.
Nas comparações que fazemos ao estudarmos o tema em nossa espécie, fica claro que as mulheres atraem os homens durante todo o ciclo menstrual, inclusive durante a menstruação. Se analisamos o caso do ponto de vista do desejo que elas despertam nos homens, podemos pensar que vivem um cio constante, visto que as outras fêmeas só atraem os machos durante esse período específico. Este seria um modo muito incompleto de analisar a questão, além de me parecer um tanto curioso tentarmos pensar sobre o que acontece com uma mulher apenas por aquilo que ela desperta nos homens. Dizer que a mulher vive no cio me parece uma visão masculina e, até certo ponto, machista.
Temos que nos ater ao outro lado da questão, que é o que acontece com a mulher. O fato de o desejo sexual, na nossa espécie, ser intermediado basicamente pela visão faz com que a mulher apareça como interessante sexualmente ao olhos dos homens o tempo todo. Isto não quer dizer que ela se sinta disponível para a intimidade sexual durante todos os dias do mês. E mais: mesmo se pode ter relações a qualquer tempo, não quer dizer que não existam dias do ciclo nos quais se sinta mais excitada. Não é mesmo impossível que estes dias de maior disponibilidade coincidam com aqueles da ovulação. Uma coisa é a mulher despertar o desejo do homem o tempo todo e outra coisa é ela estar o tempo todo com a mesma disposição para o sexo.
Insisto em que isto não nos permite nenhuma conclusão a respeito do que as mulheres sentem a respeito do assunto. Como a norma tradicional e nossa cultura sempre foi a de que cabe os homens a iniciativa sexual, sendo que até há pouco tempo não era dado à mulher o direito de recusa, é claro que nunca se questionou com seriedade o que, de fato, acontece com ela.
Não é impossível que muitas mulheres vivenciaram sentimentos de incopetência sexual por não estarem sempre com um desejo equivalente ao que despertavam em seus companheiros. É claro que muitos homens se sentiram rejeitados injustificadamente porque não encontraram mulheres disponíveis para eles – para o sexo e não para eles – exatamente naqueles dias em que elas tanto os provocavam e excitavam por sua aparência sensual com maior facilidade porque a dependência prática que se estabelece é muito menor. Inteiros que se aproximam e se amam não se sentem donos do outro pelo simples fato de os amarem. Não existem os direitos de mandar e desmandar no outro apenas porque há o elo amoroso. Inteiros que se sentem insatisfeitos podem ir embora. Esta é a novidade maior, pois não há mais lugar para abusos e dominações.
Assim, sem que tenhamos percebido, a capacidade de conceder que caracteriza as pessoas generosas tem diminuído em virtude de elas poderem ficar melhor consigo mesmas. Passam a pretender parceiros mais delicados, mais preocupados com o direito delas, menos egoístas. Assim, egoísmo e generosidade estão saindo da moda. Sim, porque se o generoso quer que se preste atenção nele e nos seus desejos de ser generoso e está se encaminhando na direção do senso de justiça. Com isto não haverá mais lugar para o egoísmo que só existe porque há generosidade. O que tem acontecido? Inteiros se aproximam, se “curtem” , estabelecem elos onde há preocupação permanente em agradar o outro ao mesmo tempo que não abrem mãos de seus direitos individuais. A palavra-chave desta nova e mais sofisticada forma de amar é a mesma que sempre e existiu nas amizades: respeito.
 

sábado, 19 de novembro de 2011

Por que nos decepcionamos com o amado ?? por Flávio Gikovate


Por que nos encantamos sentimentalmente com uma pessoa? Ainda não podemos responder integralmente a esta pergunta fundamental. Fomos capazes de avançar muito a esse respeito nos últimos anos, de modo que algumas conclusões parciais podem ser muito úteis para que cometamos menos erros.
Nós nos envolvemos com outra pessoa porque nos sentimos incompletos em nós mesmos. Se nos sentíssemos inteiros e não “metades”, certamente não amaríamos. Sim, porque o amor corresponde ao sentimento que desenvolvemos em relação àquele que nos provoca a sensação do aconchego e completude que não conseguimos sentir quando estamos sozinhos. A escolha do parceiro, daquele que irá nos fazer sentir menos desamparado, é repleta de variáveis intrigantes que vão desde o desejo de também nos sentirmos protegidos até aquelas em que precisamos nos sentir úteis e até mesmo explorados.
Neste momento, estou querendo me ater um pouco ao processo do enamoramento, no encantamento inicial que faz com que uma pessoa “neutra” se transforme em indispensável, sem a qual não podemos imaginar seguir vivendo. O processo, que não raramente se dá em poucos instantes, depende de elementos nem sempre detectáveis. É claro que a aparência física das pessoas envolvidas desempenha um papel muito importante no fenônemo do enamoramento. Esse aspecto inicial do encontro amoroso não deve ser confundido com o amor propriamente dito. O amor é paz e aconchego ao lado de uma pessoa, ao passo que o enamoramento corresponde ao processo pelo qual esta pessoa é escolhida – e que, como regra, corresponde a um período nada sereno; o amor é uma emoção ansiada mas que nos chega acompanhado de muitos medos.
No que diz respeito à aparência física, é claro que o elemento erótico se destaca, especialmente nos homens que têm um desejo visual marcante. Acontece que, por caminhos diversos, muitos são aqueles que guardaram em suas memórias registros de figuras que muito os impressionaram e que se transformaram em modelos ideais com os quais cada nova pessoa conhecida é confrontada. Por vezes é algo geral, incluindo a forma do corpo; outras vezes é a cor dos olhos, dos cabelos, o tipo de seio, os quadris.
Algo que pode lembrar desde suas mães até alguma estrela de cinema que muito lhes tenha impressionado. A verdade é que, por outras vias, as moças também guardam dentro de si indicadores do que elas acham que seja o homem ideal para elas: podem ser esbeltos ou musculosos, intelectualizados ou executivos, voltados para as artes ou poderosos, e assim por diante. Todos esses ingredientes incluem elementos eróticos, mas todos eles se transformam, em nossa imaginação, em símbolos dos nossos parceiros ideais. De repente, julgamos ter encontrado um número importante de tais símbolos naquela pessoa que nos passou pela vida. E nos enamoramos.
Assim sendo, o fenômeno do enamoramento se fundamenta em aspectos relacionados com a aparência do outro. É claro que ela costuma ter relação com o que a pessoa é por dentro. Mas a correlação não é absoluta e nem assim completa. Conversamos com a pessoa que nos atraiu e, em virtude da atração inicial que sentimos e do nosso desejo enorme de amar, tendemos a ver no seu interior as afinidades e peculiaridades que sempre quisemos que existissem naquele que nos arrebataria o coração. Por exemplo: um rapaz mais franzino, mais intelectualizado e voltado para as artes é visto, mais ou menos rapidamente, como emotivo, romântico, delicado e respeitoso, pouco agressivo, que respeita os direitos da mulher e não é exageradamente ciumento. Uma moça se encanta com ele e espera que ele seja portador de todas essas peculiaridades. Essa expectativa se transforma, mais ou menos rapidamente, em certeza de que elas existem. A moça projeta seus sonhos de perfeição naquele rapaz que tanto a encantou e passa a ter certeza de que as propriedades desejadas estão lá. O fenômeno é o da idealização, pelo qual acreditamos que o outro contenha todas as peculiaridades que dele esperamos.
Sonhamos com o príncipe encantado – ou com uma princesa ideal – e, ao nos enamorarmos, projetamos todos os nossos desejos sobre aquela pessoa. Passamos a conviver com ela e a esperar dela as reações próprias do ser que idealizamos. O que acontece? É a pessoa real a que irá agir, reagir e se comportar de acordo com suas efetivas peculiaridades. Não poderemos deixar de nos decepcionar, não obrigatoriamente por causa das peculiaridades efetivas do amado, mas porque despejamos sobre ele todos os nossos sonhos e exigências de perfeição. O erro nem sempre está na pessoa e sim no fato de termos sonhado com ela mais do que prestado atenção nela, no que ela efetivamente é. Eis aí um bom exemplo dos perigos derivados da sofisticação da nossa mente, capaz de imaginar de uma forma livre e tão grandiosa que a realidade jamais irá alcançar.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Reminiscências da Minha Adolescência

          Decidi mergulhar na reminiscências da minha adolescência,época que nem a net existia(rsrs...),mas os problemas interiores eram os mesmos.Quem tiver paciencia de ler até o final,irá ter algumas noções de uma época bem diferente do ponto vista tecnológico e científico mais identica  nos problemas emocionais.
          Começo falando do lar,aonde era acolhido com meus complexos e questionamentos interiores. Se observar na foto a casinha amarela, era lá aonde morava. Uma casa que tinha dois vão... Ali convivia com minha vó materna,mãe,um irmão e uma irmã...Tinha perdido meu pai quando tinha 1 ano e meio...Nesta casa aonde éramos iluminados pela luz frágil da lamparina,ao mesmo tempo recebia a luz intensa de pricípios morais e éticos que até hoje  norteiam minha existência...
        Era um adolescente de uma  classe social que  não me permitia consumir produtos direcionados a minha faixa etária...Supria o meu tempo praticando esporte, gostava muito de correr e esta atividade hoje é responsável por manter um bom peso (rsrs..) 
       Na adolescência sentia-me rejeitado, por não ter o requisito que achamos mais fundamental nesta faixa etária: a beleza física.Nunca aprendi a dançar... ou seja não participava de eventos sociais...e a solidão foi minha melhor e mais longa companheira.. Isto me conduziu ,hoje reconheço, para a leitura.. Privado de beleza fisica, fui alimentando  o meu intelecto e percebi que também é uma "beleza" valorizada...Ficamos irritados quando percebemos que os mais bonitos,levam uma imensa vantagem sobre a nós (rsrs..) Aí manisfestamos  inveja  colocando adjetivos  depreciativos (rsrs..)Claro que era desengonçado e extremamente tímido...Achava que por não ser privilegiado no jogo da conquista, era crítico na forma como os "homens" adolescentes  refere-se as suas conquistas ( que chamo de satisfação de seus egoismo e não para construir uma relação..)Não me sentia bem, em vê-los  tratar as mulheres como objetos... Claro que  nesta idade, isto me causava insegurança com relação a minha masculinidade...Não pelo ser masculino, e sim segundo critérios usados :A quantidade de garotas com que se ficam.. ou a relação sexual praticada o mais cedo possível..Hoje vejo que este modelo do macho é equivocado. Nesta idade vc acha que o modelo está corretos e  qualquer pensamento diferente totalmetne errado..Por não compartilhar  dos valores do machismo:competetividade,gabolice,egoísmo... e ainda não ter uma carcaça que ajudava a entrar no jogo da conquista (rsrs), buscava me isolar cada vez mais.. Claro q desprovido da aparencias fisica e rejeitando os valores machista, não me sentia interiormente feliz. Porque levamos muito em conta aquilo que nos é imposto como valores absolutos.Assim começava, mesmo sofrendo interiormente, e ainda se Sentindo rejeitado exteriormente , um pensamento contrário a esta doença chamada "MACHISMO". E percebendo a ideia de que   nem toda beleza   é fisica e que nem todo conceito imposto é correto.
          A minha adolescência, lembro-me mais das brincadeiras do que das conquistas...Não por opção mas por faltas delas (rsrs...) Època que as festas começavam às 20h e terminavam às 24h..Hoje vejo os adolescentes indo para as festas a partir das 24h... tantas coisas mudaram neste período,menos as angústias e incerteza interiores...

domingo, 6 de novembro de 2011

Admiração, Inveja e Amor Por Flávio Gikovate

Admiração, Inveja e Amor.
 
Publico mais um texto  do Psicoterapeuta Flávio Gikovate.O Objetivo é mergulhar na alma humana, e tentar descobrir determinados comportamnetos que temos e observamos...
 
 
 
 
 A busca de destaque social através do sucesso em alguma área de atividade (que é a forma usual da manifestação adulta do exibicionismo e que chamamos de vaidade) teria por finalidade atenuar a sensação de desamparo, solidão e insignificância, sensações geradoras de brutal desespero, especialmente para aquelas pessoas que, em virtude de sua inteligência, são mais conscientes destas propriedades da condição humana. Apenas algumas observações serão suficientes para demonstrar que este caminho não leva a parte alguma, a não ser uma relativa neutralização da sensação de insignificância que, ainda assim, necessita permanentemente de reforços derivados de novos feitos, capazes de chamar a atenção das outras pessoas.Se a intenção inicial das pessoas que buscam o destaque é, através dos seus desempenhos, acima da média, obter admiração e o amor dos que lhe são próximos, o resultado na prática é bastante diverso deste. O sentir-se amado pode efetivamente representar uma importante atenuação do desamparo original, sendo um remédio eficaz para o desespero que deriva da consciência da solidão, de modo que seria legítimo buscar esta solução, ainda mais que ela estaria na mesma direção da que determina o prazer erótico ligado ao sucesso. O que perturba esta solução, aparentemente muito boa porque resolve os dois anseios – afetivo e erótico –, é que a admiração determina o surgimento da inveja e não do amor.
Amor e inveja derivam da mesma fonte: a admiração. Porém, na prática, a inveja é a emoção que mais frequentemente se manifesta, especialmente quando as diferenças entre as pessoas são mais marcadas. Para que a admiração resultasse em amor seria necessário que as pessoas em geral estivessem relativamente bem consigo mesmas, de modo a não se sentirem humilhadas, agredidas, pelas competências especiais das outras.
Acredito que a maioria das pessoas que buscam o destaque social só percebem muito tardiamente que seu sucesso desperta muito mais frequentemente a inveja do que o amor; e, mais, que vive esta constatação surpreendente como profundamente decepcionante e geradora de uma grave crise íntima. Não é fácil aceitar que o resultado de tanto esforço e dedicação a uma causa qualquer – desde as mais nobres até o simples sucesso material – seja a hostilidade sutil, manifestada principalmente pelas pessoas mais chegadas, amigos e familiares. E agora o que fazer? Abandonar tudo e iniciar uma nova vida? Com que forças? E para onde dirigir essas energias, se o resultado de uma mudança de rota pode ser o mesmo, ou seja, a inveja?
Na maior parte das vezes, não há mais como haver uma reversão do processo, principalmente porque as pessoas já estão muito habituadas às gratificações eróticas derivadas do sucesso social. A vaidade funciona, nestes casos, como um vício qualquer: o indivíduo percebe que ela lhe é nociva – por causa da inveja que sua condição desperta – mas não consegue mais abrir mão dos prazeres que dela advém. O sentir-se hostilizado agrava a sensação de solidão e desamparo, o que costuma determinar um agravamento do desespero, agora acrescido de revolta contra as pessoas invejosas. O desespero e a revolta geram uma energia ainda maior, que é usada na direção de se obter um destaque mais acentuado, que agrava a solidão. A inveja é um sinal da admiração e do destaque obtido, de modo que passa a ser buscada ativamente, apesar da mágoa íntima que possa causar. Para continuar a ser admirado e destacado, terá que se comportar cada vez mais de acordo com o que o grupo social valoriza – ainda que já tenha percebido seu caráter absolutamente ilusório e, na prática, insatisfatório. Desta forma o grau de liberdade individual se torna mínimo, ao mesmo tempo que o indivíduo fica cada vez mais sozinho, apenas se gratificando – em doses cada vez maiores, como em qualquer vício – dos prazeres eróticos ligados ao exibicionismo.