domingo, 15 de julho de 2012

Adultério no Velho Testamento

Este artigo foi tirado do nosso livroSex and Scripture: A Biblical Study of Proper Sexual Behavior (Inglês)”.]


A palavra grega usada no Novo Testamento para “adúltero” é moichos (“adultério” é mocheia) e refere-se a alguém que está casado mas tem relações sexuais com alguém que não é o seu cônjuge.
No Antigo Testamento, e no mundo secular grego como no romano, a definição de adultério era diferente. No Antigo Testamento, "adultério" referia-se concretamente a uma mulher casada ou comprometida que tinha relações sexuais com alguém diferente do seu esposo. O conceito grego, romano e hebreu do adultério era substancialmente o mesmo: "A infidelidade do marido não constituía adultério."
James Hastings escreve:
Para sermos mais específicos, na legislação Israelita como também na romana, o termo [adultério] estava circunscrito a sexo ilícito de uma mulher casada ou comprometida com qualquer outro homem que não fosse o seu esposo. Desaprovava-se também outras relações impudicas, mas essas foram descritas com palavras diferentes.
William Smith agrega:
As partes intervenientes neste delito [adultério] eram uma mulher casada e um homem que não era o seu marido. De facto, a poligamia era tolerada, pelo que era quase impossível considerar crime uma ofensa similar cometida por um homem casado com uma mulher que não era sua esposa.
Alguns teólogos dizem que como Deus criou Adão e Eva um para o outro, estava implícito na Lei que o adultério era o mesmo tanto no Novo Testamento como no Antigo Testamento. Embora não haja nenhuma dúvida de que Deus originalmente desenhou o matrimónio para ser uma relação de dois, também não há duvida nenhuma de que a poligamia começou cedo, apenas sete gerações depois de Adão (Gn. 4:19), e foi regulamentada na Lei Mosaica (Êx. 21:10; Lv. 18:18; Dt. 21:15). É bem conhecido que as 12 tribos de Israel existem porque Jacob teve duas esposas e duas concubinas, e teve filhos com todas elas. Muitos "grandes nomes" do Antigo Testamento tiveram múltiplas esposas e concubinas, e fizeram isto sem desobedecer ao mandamento de Deus. Mas este simplesmente não é o caso na era cristã.
Deus não explica por que Ele regulamentou a possibilidade de ter múltiplas esposas no Antigo Testamento. Obviamente não era Seu plano original para o matrimónio, porque Ele estabeleceu que "dois" "se tornarão uma só carne". A necessidade de se relacionar e de “se sentir especial" é fundamental em qualquer relação matrimonial, e isto salienta-se poderosamente no Cântico dos Cânticos, escrito por Salomão. É difícil imaginar que uma mulher possa compartilhar o afecto do "amor da sua vida" (Ct. 3:1-5) com outra mulher. Além disso, a poligamia nunca teve muito bons resultados. Nas escrituras não existem "trios felizmente casados". É bem conhecida a tensão existente entre Raquel e Lia, e em 1 Samuel 1:6, Penina é chamada a "rival" de Ana. O pictograma chinês para "briga" é o símbolo de duas mulheres debaixo do mesmo telhado, e as intrigas e lutas internas nos haréns são lendárias.
Foi sugerido que, ao permitir a poligamia, Deus estava a fazer concessões à cultura, mas esta explicação não é satisfatória. Ele não fez concessões quanto à comida, à adoração, à higiene, aos delitos, à autoridade da liderança ou em outras áreas do comportamento sexual tais como o adultério, o matrimónio entre parentes, a prostituição, a homossexualidade, etc., de tal modo que a ideia de que Ele "cedeu" perante o tema das múltiplas esposas seguramente não está correcto. A melhor explicação que a nosso entender se tem postulado é a de que a poligamia deu à mulher uma maneira de entrar num grupo familiar com o poder e influência necessárias para manter-se e proteger-se a si mesma e às suas crianças.
Na actualidade, o ponto central é o seguinte: o Novo Testamento ordena especificamente que cada homem e cada mulher tenham o seu "próprio" cônjuge e, por tanto, a definição de adultério no Novo Testamento é mais estreita do que a definição no Antigo Testamento já que se incluí toda pessoa casada que tem relações sexuais com alguém diferente do seu cônjuge. O mundo e as suas forças malignas querem atenuar o mal intrínseco que habita no adultério, e assim que chamam-lhe "aventura", "engano" ou "indiscrição", como se não fosse algo de grave. Mas é realmente de grave e Deus sempre ordenou ao seu povo com grande firmeza que não cometesse adultério. Os versículos que o proíbem estão no Antigo Testamento (Êxodo 20:14, etc.), nos evangelhos (Marcos 10:19, etc.) e nas epístolas pastorais (Romano 13:9, etc.).
O adultério é um pecado muito mais sério do que o sexo pré-marital porque há pactos, compromissos, promessas e expectativas envolvidas. Um pacto matrimonial é um assunto muito sério aos olhos de Deus. Não levar em conta os pactos celebrados perante os homens e perante Deus e destruir o desígnio de Deus de "uma só carne" quando "homem e mulher os criou" é um pecado muito grave, pecado que com frequência leva à destruição da família e que no Antigo Testamento foi castigado com a pena de morte (Lv.20: 10,11; Dt. 22:22). Os casados deveriam levar muito seriamente as palavras da Escritura concernentes ao adultério: " O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros. (Hebreus 13:4)."
O adultério era considerado claramente como um pecado, e por isso era o exemplo perfeito e "tangível" do frequentemente menos tangível pecado de idolatria. Por essa razão, no Antigo Testamento, palavras como "adultério", "imoralidade sexual", "prostituta" e "infidelidade", podem ter um significado literal ou um significado espiritual. O adultério ocorria quando uma mulher era infiel a seu marido e violava o pacto matrimonial. Quando Deus desejava comunicar a penosa natureza do pecado de idolatria, descreveu-o como adultério, e a Israel como uma esposa adúltera ou uma prostituta. Também, Israel tinha feito pactos e compromissos com Deus e tinha prometido que obedeceria aos Seus mandamentos (Êxodo 24:7; Deuteronômio 5:27; Josué 24:14-25) e esses pactos foram violados quando Israel adorou a outros deuses.
Existe outra razão pela qual "adultério" era uma boa palavra para descrever a adoração a deuses pagãos: muito da adoração pagã incluía sexo. Isto vê-se no inicio da Bíblia quando Israel estava no Sinai e construiu o bezerro de ouro, um deus egípcio da fertilidade, e então “levantaram-se para se divertirem”, uma referência aos actos sexuais envolvidos na adoração daquele deus pagão (Êxodo 32:6 OL). A conexão entre adultério e fornicação, e a adoração pagã, fornece interessantes duplos significados na Bíblia. Por exemplo, em Jeremias 13:27, Deus disse a Israel que tinha visto "seus adultérios, os seus relinchos, a sua prostituição desavergonhada, sobre as colinas e nos campos", e o contexto torna claro indubitavelmente que está a falar tanto de adultério espiritual como de adultério físico.
Há pessoas (que geralmente estão envolvidas no adultério e tentam justificá-lo) que dizem que o adultério na Bíblia é sempre adultério espiritual, mas essa afirmação torna-se falsa apenas pela leitura de algumas escrituras. Por exemplo, Levítico 20:10 diz: "Se um homem cometer adultério com a mulher de outro homem...", o qual é uma indicação clara de que o adultério era a relação física entre um homem e uma mulher. Existem outros versículos semelhantes. A introdução ao Salmo 51:1 fala do adultério de David e Bate-Seba. Jeremias 29:23 menciona que o povo Judeu cometeu adultério com as mulheres do seu próximo e, claro que, há o bem conhecido registo da mulher que foi surpreendida no mesmo acto de adultério e levada ante Jesus. O adultério é um pecado grave aos olhos de Deus e os cristãos devem ser honestos acerca disto e ter a certeza de que as suas vidas são puras aos olhos de Deus.
(Tradução Daniel De Oliveira)

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